18 de mar. de 2012

Você costuma sentir raiva?

     Uma das lições que considero muito difícil para nosso crescimento interior é aquela que devemos nos calar diante de uma acusação ou ofensa. Você consegue agir assim? É claro que nossa reação quase instantânea é ficar com raiva, indignação e algumas vezes sensação de estar sendo injustiçados. Sendo assim, mais do que óbvio nossa imediata necessidade de nos defender. Mas essa reação é apenas mais uma "cilada do ego", totalmente no domínio de nossa mente e nossas emoções, gerando esse infortúnio chamado indignação. Diante disso, acreditamos fortemente que temos o dever de proteger nossa "honra". Tudo uma armadilha, em que o ego insiste em nos convencer de nossos direitos como criatura.

     É lógico que temos direitos, porém, se pensarmos um pouco melhor, veremos que uma agressão moral ou física, uma ofensa, até uma calúnia são atos que não nos pertencem e só por isso não significam que aqueles que estão emitindo essa agressividade vão nos respeitar ou precisam estar de acordo conosco! E nós acreditamos que todos devem sempre entender nosso ponto de vista, nossa maneira de ser, enfim, nossos atos. Quando percebemos que isso não ocorre, nos iramos fortemente. Sentimos uma necessidade de provar nossa razão a todo custo. Não queremos ser interpretados de forma indevida e não aceitamos opiniões contrárias à nossa. Sem contar aquela famosa opinião de alguns que afirmam jamais levar desaforos para casa, já ouvimos bastante esse frase; você que está lendo agora pode ser uma dessas pessoas.

     Ou então pode estar pensando que isso não acontece com você, que não liga para a opinião de ninguém e não tem esse comportamento.  Ótimo, bom para você! No entanto, existe algo em comum a todos nós, que é a indignação com a atitude alheia que por si só já nos perturba e prejudica.  Observo muito no consultório, pessoas com tal afirmativa e percebo que é mais uma ilusão do que um firme propósito de realmente se proteger; pertence a nós mesmos a decisão se vamos permitir que tal comportamento interfira em nossa vida ou não. 

     Recebi esse texto, talvez conhecido por ser divulgado na web, mas achei conveniente colocar aqui porque retrata muito bem a urgência em fazermos mudança em nossas reações e atitudes.

A sabedoria do samurai
Conta-se que, perto de Tóquio, capital do Japão, vivia um grande samurai. Já muito idoso, ele agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens.
 
 Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
 Certa tarde apareceu por ali um jovem guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos. Era famoso por usar a técnica da provocação. Utilizando-se de suas habilidades para provocar, esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Assim que soube da reputação do velho samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e aumentar sua fama.            
 Todos os discípulos do samurai se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu sereno e impassível.                              
No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se. Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?   
 O sábio ancião olhou calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles lhe perguntou: Se alguém chega até você com um presente e lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o presente? Com quem tentou entregá-lo, respondeu o discípulo. Pois bem, o mesmo vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e os insultos, disse o mestre.   Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. Por essa razão, a sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, se você não o permitir.

     Não devemos permitir que alguém  roube nossa paz ou perturbe nossa tranquilidade. Somos os únicos responsáveis pelo que pensamos, sentimos ou fazemos. Portanto, quando nos iramos, nos magoamos ou simplesmente nos aborrecemos com alguém, entramos nessa energia  e ficamos muito mal, é realmente uma armadilha, enquanto a outra pessoa continua seu dia tranquilamente como se nada tivesse ocorrido. Você já parou para perceber que temos uma crença inconsciente, que se nos defendermos revidando,  estaremos nos protegendo de uma acusação?  Ao passo que essa atitude é exatamente o oposto, pois ao aceitar a provocação é o mesmo que concordar com a afirmação da outra pessoa. E o pior é não percebermos que com isso automaticamente nos irritamos e ainda acusamos o outro como o único responsável por essa irritação!

     Então? Será isso que merecemos? Pense nisso! Como vem se tratando? Está se permitindo receber essa energia de "violência"? Ou já consegue agir como o sábio da parábola?

     Se conseguirmos agir como ele, estaremos fortalecendo nosso poder interior, ao tomarmos a decisão de não aceitar provocações e sim deixar que fiquem com quem nos oferece, é uma decisão que cabe exclusivamente a cada um de nós.

     Lembremos das palavras de Jesus: "Só os lobos caem em armadilhas para lobos". 


Transformando nossas vidas

Ieda Perez


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8 comentários:

  1. Adorei!!!!!
    Eu sou muito mais controlada do que muita gente que eu conheço, mas tenho muito que aprender ainda :(
    Lindo texto!!!
    Obrigada por esse presente, minha querida amiga Ieda.
    Um grande beijo no seu lindo coração!

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  2. Querida Cristal, muito obrigada, você sempre gentil!!!
    Também tenho muito a aprender; penso que reconhecer o valor dessa lição já é um grande passo, resta agora aplicá-la mais no dia-a-dia. Vamos tentar!

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  3. Que belo post Ieda! Eu preciso aprender muito ainda...Muito mesmo!

    Sabemos como faz bem ficarmos do nosso lado, mas por muitas vezes esquecemos de nós!

    Um beijão!

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  4. Oi Miriam querida!
    É verdade, como nos esquecemos! Ou melhor, por entendermos errado, fazemos tudo ao contrário e acabamos nos prejudicando ainda mais.
    Muito obrigada pelo carinho. Vamos continuar na busca constante de nosso crescimento e reforma interior. Grande abraço!

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  5. Muito bom texto, Ieda. Passo por isso diariamente e ainda não aprendi a me controlar, acho que devido ao meu temperamento esse dia não vai chegar nunca!
    Parabéns amiga!

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  6. Olá Cris, obrigada por sua participação!
    Aprendi que quando somos testados em algo diariamente é aí que reside nossa maior necessidade de crescimento. Falo isso porque essa é também minha lição nessa vida. Estou aprendendo que somente "se controlar" não leva a nada. Melhor seria sempre nos perguntar: Tento me controlar porque "quero" ou porque "tenho que"?
    Pense nisso...
    Super beijo!

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  7. Querida Ieda!! Finalmente achei teu blog, rsrs e junto com ele esses lindos textos e em especial esse daqui. Nossa, é muito bomm!! Realmente nosso crescimento acontece quando paramos de achar que foi por causa do outro, mas compreeder que "a fonte" de raiva partiu de dentro de nós. Eita lição difícil de aplicar no dia a dia. Mas devagarinho chegamos lá. Um grande beijo, Ieda!!!

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  8. Oi Edi, querida amiga!! Obrigada pelo carinho. Concordo que esse assunto é muito bom. Bom para nosso estudo de autoconhecimento. Através do sentimento de raiva, aprendemos onde precisamos corrigir. Ouvi uma frase assim: "bateu doeu, leva que o filho é teu". É difícil porque não gostamos de olhar para dentro e aceitar que somos responsáveis por nossas dores e conflitos íntimos.
    Seja bem vinda ao blog, volte sempre!!
    Grande beijo!

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